quinta-feira, 20 de novembro de 2008

ÇA FAIT CHIER!!!!!!!!

Todo mundo sabe, nada melhor que o tempo para superar momentos difíceis, esquecer problemas, perdas, raivas, etc... Graças ao tempo que separa esta quinta-feira, dia 20, da última segunda, dia 17, vocês vão poder ler um post, como vamos dizer, muito mais educado, polido, civilizado. É verdade, pois se eu tivesse escrito no calor do momento (uh-lá-lá), acho que teríamos perdido alguns dos leitores queridos pelo tanto de palavrão que eu queria escrever... risos.

Vamos à odisséia...

Na última quinta, dia 13, eu escrevi um texto chamado Tudo a Mesma Merda, onde eu falo sobre as semelhanças entre nosso amado Brasil e a nova pátria adotada, Québec/CA. Quem não se lembra é só descer alguns degraus abaixo. Então, lá tem uma parte que é sobre a preparação para minha prova de direção veicular, que aconteceu dia 17, às 9h20. Como eu tinha contado, eu peguei umas aulinhas, “por fora”, para poder me familiarizar com o carro modelo automático (que é mais fácil de dirigir do que mastigar gelatina, até um banguelo consegue) e com o trajeto. Fiz isso para pegar os macetes e tal.
Tudo bonito, tudo certo, hora marcada lá estava eu sendo chamado no guichê da famosa SAAQ (Sociéte de l’Assurance Automobile du Québec), equivalente ao nosso DETRAN. O rapaz que me atendeu, estagiário com forte sotaque árabe, mandou de cara a seguinte pergunta: “Você tem a carteira de aprendiz?”. Eu respondi que não, pois já dirigia no meu país desde os 17 anos e queria só validar a minha carteira aqui. Daí ele perguntou: “Então está é a primeira vez que você vai fazer a prova prática?”. A afirmativa pulou da minha boca, ao mesmo tempo em que uma mosquinha pousou atrás da minha orelha e eu pensei: “Hummm, perguntinha mais esquisita essa...”, mas tudo bem, vamos em frente.

O rapaz chamou a funcionária québécoise que estava lhe dando o treinamento e lhe reportou as perguntas e as respostas. Ela e ele mexeram daqui e dali nesse computador, imprimiram alguns papéis que eu assinei e me pediram para pagar os 25 dólares, preço para fazer o exame (fora os 40 do aluguel do carro que é a parte) Eu saquei o cartão, paguei e voltei para minha cadeira, onde não esperei mais do que 3 minutos para ser chamado pelo examinador. Ele pareceu gentil. Sério, mas gentil. Foi logo ligando a chave, mesmo estando no acento do passageiro, para ligar o aquecimento interior do carro. Saímos, eu segui suas ordens e fiz tudo como havia feito nas aulas “por fora”. Não passei da velocidade da via, dei passagens, sinalizei para mudar de via, não esquecendo de olhar rapidamente os ângulos mortos, estacionamento, baliza, tudo lindo.

Desliguei o carro com a sensação: “UFA! Arrasei!” Mas eis que o verdadeiro “arraso” ainda estava por vir... O FDP do examinador começou a dizer que o exame tinha ido bem, MAS que eu precisava fazer MAIS atenção aos ângulos mortos, que eu não olhei DIREITO, e que eu fiz uma pedestre entrar em pânico quando fui virar em um cruzamento. A tal pedestre em questão foi uma LOUCA que apareceu do nada, ela vinha correndo desde longe, atravessou correndo e continuou correndo após invadir um sinal que já estava piscando para ela e verde para mim. Detalhe! Mesmo assim eu reduzi quase à zero e deixei ela ter prioridade.

Ele foi me dizendo isso com a cara mais lavada do mundo, sem me olhar nos olhos e eu assim... BEGE!!!!!! Na verdade eu acho que já estava até bege Bahia, que é mais chique, né gente? Afffff... Diferentemente do que as pessoas me conhecem, eu disse com muita calma: “Alors, il faut faire cet examen de noveau?”. “Oui” foi a resposta que eu ouvi. Eu desci do carro calmamente, fui até o guichê, ainda agradeci aquele infeliz (Bonne journée Monsieur) e saí sem um novo exame marcado, pois eu não poderia, naquele momento,fazer outro antes de três semanas, nem marcar para abril, quando não haverá mais neve pelas ruas. Para uma data TÃO distante é preciso tentar pelo telefone e perder uns 45 minutos do meu dia, como aconteceu da última vez.

Eu juro que eu queria MUITO ter xingado alguém, ter batido a mão no balcão e feito um belo de um barraco, mas eu me contive, pois no momento em que a mosquinha pousou atrás da minha orelha eu sabia que não iria passar no meu primeiro exame prático, assim como a maioria das pessoas que eu conheço e que também foram reprovadas na mesma situação. Menos a Eliane que mora aqui há dois anos, ela conseguiu a façanha, mas seu marido não, risos... O lance é tão sério, que os québécois que eu conheço brincaram comigo, “Quer passar na primeira vez, vai fazer teste no interior”.

Daí eu deixo uma questão para aqueles que estão aqui, já fizeram ou ainda vão fazer o teste, e para aqueles que ainda vão imigrar (sejam eles gays, héteros, homens, mulheres, adolescentes, azuis, amarelos, afinal carro é uma das grandes paixões brasileiras): Será que a prova é realmente difícil ou existe alguma regra interna para que a maioria não passe? Lembrem-se, eles são MUITO rigorosos... Será que a SAAQ é uma Instituição Governamental séria ou aprendeu alguns truques dos países pobres e em desenvolvimento quando querem encher os cofres públicos? Afinal, é uma boa idéia fazer dinheiro fácil estimulando a aquisição da carteira de aprendiz (uns 40 dólares), além de cobrar 25 pilas a cada vez que você é obrigado a fazer uma nova prova de direção veicular.
Para nós que não temos alternativas, só resta ficar puto da vida, pois ÇA FAIT CHIER!!!!!!!!! Tá vendo como é fácil aprender uma expressão em francês apenas lendo uma historinha?
Inté... Gilberto Evangelista

4 comentários:

Franklin e Amanda disse...

Oi Gilberto... tudo bem mon ami?
Bem, vou falar como moradora do interior, aq em Québec, conheco várias pessoas q passaram de primeira, dentre estas eu... mas conheço vários q nao passaram, ex. Frank.. oq todos focam muito é sem dúvida os ângulos mortos, inclusive aqui na SAAQ (onde trabalho), meus colegas me disseram que isso seria o mais importante, nao podemos economizar nas olhadas e nao podem ser rápidas, tem q parar, olhar olhar e olhar de novo... é como um teatrinho, vc faz como tem que ser e eles te aprovam, claro que no dia a dia ninguém faz isso, mas pro teste nao tem outro jeito. Enfim, nao acho que o teste seja difícil mas exige muita concentraçao, pra gente é ainda mais complicado porque já temos nossas manias, daí ja viu né.
Quando fiz meu teste eu consegui passar e o avaliador me disse no final que fui super atenciosa, exceto pra estacionar, ele disse que eu deveria ter olhado mais, e olha que olhei hein gente... mas mesmo assim tive ptos suficientes pra passar...
Ah! é isso, no seu próximo teste lembre disso.... boa sorte!
bjoss

Anônimo disse...

oieeee
eu aqui de novo!
eu, como a Eliane, tb passei direto na 1a vez no exame pratico...nao peguei a carteira de aprendiz (nao tava afim de gastar dim-dim a toa)...mas, recomendo fazer a prova no bureau da Langelier(Montreal mesmo) e nao na Henri-Bourassa!
se quiser saber o porque, me liga!!!eu te explico tudinho :-)
beijao e paciencia!
De-Montreal

Goldman disse...

Oi Gilberto, mesmo estando de férias aqui no Brasil, estou acompanhando seu blog, e olha, aqui em Ottawa é a mesma coisa, inclusive em Ontario é uma empresa particular que aplica o teste de direção, não é o governo. Bom, mas não se deixe abater não meu amigo, que vai dar certo. Abração, Goldman.

CC disse...

Olha comigo aconteceu praticamente a mesma coisa! Graças a Deus, passei no segundo sem maiores complicações. Reza a lenda que existe uma "quota diária"... vai saber....