quarta-feira, 29 de outubro de 2008

SORRY Madonna...

Gente, désolé! Eu queria muito deixar a Madonna abrindo o blog pelo menos por uma semana, do tanto que eu gosto dessa foto dela incorporando a Dita Parlo, ainda mais porque caiu como uma luva para o grito de Express Yourself, mas... fazer o quê? A fila anda, ainda mais quando a neve cai pela primeira vez em Montréal, aí não tem como segurar os veículos de informação (risos). Então, antes que apareça algum engraçadinho dizendo, "Nossa, qualquer geada no Rio Grande do Sul acumula mais neve do que essa capinha fina de gelo!", quero ressaltar que o objetivo desse post é de registrar o começo do tão temido inverno, que já chegou em pleno outono. Inverno este que TODO MUNDO por aqui faz questão de enfatizar que é rigoroso, para estamos preparados, afinal, será o nosso primeiro. Que venha! Já decidimos que não teremos medo, e tentaremos curtí-lo ao máximo.
E para aqueles que estão pensando, "Meu Deus, parece o povo da roça que nunca viu o mar ou a neve, por que toda essa euforia? ", queremos dizer que já vimos a neve, mas temos que admitir que foi muito legal ver a "nossa neve", a primeira como imigrantes, ou seja, no nosso novo lar. Gente, é lindo demais ver os floquinhos caindo do céu. Eu tava trabalhando, fazendo pizza lá no restaurante, e o Renato me liga: "Olha na janela! A metereologia acertou (de novo), a neve começou a cair". Nessa hora, corri para fora do restaurante, olhei pro céu, peguei alguns floquinhos na palma da mão, que derreteram rapidamente, e voltei para minha cozinha. A garçonete só ficou rindo da minha alegria ingênua. Seguem algumas fotinhas que fiz hoje no caminho e redondezas da escola. O Renato disse que o campus da Universidade de Montréal, que fica do outro lado do Mont-Royal, no bairro Côte-des-Neiges, estava com uns 5 centímetros de neve, ou seja, tudo branco. Ah! A temperatura hoje ficou ali, nos 2 graus. Mas, como dizem por aqui, "c'est correct!".

Essa foto (acima) é de quando começou a nevar ontem à noite, aqui da janela de casa. Parece uma chuva grossa, mas é neve... risos.
Lembra como essa casa tava cheia de folhas vermelhas não tem nem 10 dias????
E aí... vamos sentar para um bate-papo no parque em frente à escola ou colocar as crianças para escorregar e ficar com a bunda fria?

E o Mont-Royal que eu via nas cores do inverno da minha sala passada (nível 6)...... foi substituído pelos telhados da sala do nível escrito, que comecei nesta semana, do outro lado do prédio. É a mesma sala que eu fiz o nível 4, quando entrei na escola em maio. Adoro a vista tb, ainda mais agora, toda branquinha.

Beijos, beijos. Giba e Re.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

COME ON GIRLS! DO YOU BELIVE IN LOVE?

8 de agosto de 1989, terça-feira, 15 horas, 41 minutos. O aparelho 3 em 1 está no volume máximo na casa 14, do conjunto J, da QI 6 no Guará 1, cidade satélite de Brasília. Ao invés de estudar para alguma prova, eu (Gilberto, 16 anos) danço no meio da sala, enquanto minha mãe saiu para resolver algum problema. Já fazem algumas semanas que os vizinhos reclamam que minhas caixas de som emitem as mesmas músicas de sempre: Cherish, Express Yourself e Like a Prayer, que inclusive batiza o meu disco do momento.
9 de novembro de 1990, sexta-feira à noite. Eu, Lúcia, Nêga Paula, Sirlene, Fábio, Raquel, Aila e Aline estamos a caminho da New Aquarius – a única boate gay de Brasília, após uma parada estratégica no Beirute – o bar alternativo da cidade. Vamos comemorar o aniversário do Paulinho, o “único” homossexual da galera. (Calma gente, eu só tinha 17 anos e o armário ainda tava tão gostoso, quentinho e escurinho... risos). No Opala Diplomata do Dionízio, que está cheio de cerveja no porta-malas, o som que dá o clima à noite é Justify My Love e Rescue Me, as duas faixas mais picantes do disco The Immaculate Collection, que vendeu nada menos que 32 milhões de cópias no mundo inteiro. Um pouco mais tarde, na pista de dança, eu e o aniversariante mostramos que valeu a pena assistir o vídeo Vogue mais de 150 vezes, até saber a coreografia de cor. Nessa noite, eu quase dei o meu primeiro beijo em um homem... Babado!!!... Mas essa é outra história... Abafa!

Segunda-feira, 22 de julho de 1991. São quatro horas da tarde. Vai começar a primeira sessão do filme Na Cama com Madonna. Escolhi vir neste dia, pois, além de ser mais barato, não ia ter a confusão da última sexta (dia 19), quando o filme estreou em 38 cinemas de todo o Brasil. Não adiantou muito não. A sala tava repleta. Pelo menos eu vim sozinho, sem ninguém para conversar. Queria mesmo aproveitar uma das raras ocasiões que tive vontade de estar sozinho... Sozinho em termos, afinal, serão duas horas de pura diversão, que vão me mostrar, mais uma vez, porque Madonna para mim não é uma simples cantora, mas um mito cultural do século XX e XXI, um modelo de transgressão, mas acima de tudo, uma máquina do melhor e mais puro marketing.

PULO NO TEMPO e muitas outras músicas, pessoas e histórias especiais depois...


22 de abril de 2007, domingo à tarde. Convidei alguns amigos queridos para um happy-hour no big apartamento do André, que fica na Colina/Unb. Entre eles Ricardo, Zé Roberto, Daniel, Bené, Genilson e Luis Carlos. Pena que o Luis Henrique não ta presente, mas vou contar pra ele por telefone a novidade que acabo de anunciar a todos: “É bem provável que ano que vem não possamos estar juntos nesta data, pois eu e o Renato possivelmente já estaremos morando em Montréal, no Québec, se tudo der certo...” No mix de alegria e tristeza, o Kaú me dá de presente o DVD Confessions Tour... (mas justo do último CD que nem gostei tanto assim????). Não gostava. Depois de assistir mais de 50 vezes, ADORO, e Jump não pára de martelar meus ouvidos no carro, em casa, no trabalho, no youtube, a qualquer hora, em qualquer lugar.

Quarta-feira, 22 de outubro, de 2008. São 21h30. Depois de uma hora e meia de atraso, começa a primeira apresentação do furacão loiro em Montréal. Eu já bebi um espumante em homenagem à minha cantora favorita em companhia do Israel, o amigo que me ajudou a procurar e comprar os ingressos na internet, já que não consegui pelas vias normais. Droga! Aqui também tem essa praga do mercado negro, dos cambistas e tudo mais... Enfim, deixa pra lá. O que importa é que essa noite vai ficar gravada na mente: uma Madonna radiante, sorridente, tocando, cantando e dançando para 17.861 fãs histéricos, mas não tão histéricos assim vai, mais da metade, muiiiito mais da metade do público viu o show inteiro sentado. Fiquei de cara. GENTE!!!!! É A MADONNA!!!! LEVANTA E DANÇA!!! Deixa pra lá também... Eu sei que eu dancei, gritei, me emocione, e fiquei de cara com tudo: a projeção de imagens perfeitas, os vídeos perfeitos, as coreografias perfeitas e ainda mais de ver uma mulher de 50 anos com energia de 20. A única coisa que não foi legal é que fiquei nas arquibancadas, e ela não pode saber que era eu o brasileiro que gritava tanto e lhe chamava de Filha da Puta.... Filha da puta sim, mas um filha da puta carinhoso, sabe? Ai ai, foram as duas horas mais rápidas da minha vida e da próxima vez, não quero nem saber, faço até empréstimo bancário para ficar ali óóó, do ladinho dela na pista, só para agradecê-la por fazer parte durante tanto tempo de momentos tão importantes e preciosos da minha vida. Vocês vão ver.


Agora é só esperar o DVD do show sair... hehehehe... Neste, eu fui! Valeu demais!!!!!

GILBERTO EVANGELISTA
Ps. O Renato não participou desse post porque ele não quis ir para o show comigo, mas sem neuras, respeitar as diferenças e os momentos individuais é uma boa para manter a saúde de um relacionamento. Não é mesmo? Beijos. Inté.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

DO AMARELO AO MARROM...

Neste último fim de semana, fizemos um novo passeio à montanha do Mont-Royal. O bom é que não custa nada e nos dá em troca um presente que não tem valor: a magia da natureza em mutação. Eu (Gilberto) já fui duas vezes à Europa e o Renato uma, mas nunca fomos durante o outono e temos que confessar que tínhamos grande ansiedade em conferir de perto as cores dessa que, para mim, é a estação mais linda e "viva" entre as quatro. Sim! Viva, pois ela está se preparando para "morrer" durante todo o inverno. Gente, as cores são tão bonitas, os tons que vão do amarelo ao marrom, passando pelo vermelho, são tão maravilhosos, que este post não vai ter nada além de algumas imagens que capturamos. Ah! As duas primeiras são especiais... a primeira é de uma casa que fica no caminho que percorremos todos os dias para ir para a escola, e a segunda é da vista que eu tenho da minha sala de aula do Mont-Royal. Diz que não é um convite para um passeio dominical, mesmo se a temperatura já está entre os 2 e 12 graus. Um abraço a todos.

Inté.

Gilberto Evangelista

Ps. Ah! O Fernando sempre com a gente. Falou que é uma caminhada, nem seu pé chato o impede de "se promener"... hehehehehe...




quinta-feira, 16 de outubro de 2008

SEIS

Eu voltei,
agora pra ficar,
porque aqui,
aqui é o meu lugar
Eu voltei pras coisas que eu deixei,
eu voltei ...

(O Portão - Erasmo Carlos)


Ai ai... Ainda bem que os grandes artistas já escreveram e cantaram, de maneira mais simples, tudo aquilo que levaríamos horas pensando como dizer. Afinal, já são quase três meses sem postagens e se vocês questionarem o motivo para o desaparecimento é capaz de não encontrarmos uma boa resposta... mas, se o Paulo Coelho se dá o direito a um ano sabático vez em quando, porque nós mesmos, Gilberto Evangelista e Renato Ferreira, não poderíamos nos dar esse direito também? ...risos...


A propósito, sou eu, Gilberto, quem escreve esse post, assim como quase todos os outros anteriores, pois o Renato tem o saco bem menor do que o meu para isso. Decidi, então, jogar no Google o termo “ano sabático” e apareceu logo de cara uma definição bem bacana que quero compartilhar com vocês, mesmo porque, sinto que esse tempo todo sem escrever combina bem com a idéia abaixo:


“... considero o sabático uma boa ferramenta para identificar nossas forças e potencialidades, avaliar em que condições respondemos melhor, em que circunstâncias reagimos mal. Entrar em período sabático envolve olhar para nossas competências, mapear o know-how já dominado, descobrir caminhos, medir nossos recursos mais profundos.
Sabático é o afastamento do trabalho inspirado por uma motivação íntima. Seu objetivo é a reavaliação da vida pessoal ou profissional. Não importa a duração, se é de meses ou anos, ou o formato. Pode ser uma viagem turística, um curso no exterior, trabalho voluntário, reclusão em casa. O que caracteriza um período sabático é o afastamento da rotina para rever rumos.
O termo vem do hebraico shabbath, e significa repouso. É o dia de recolhimento semanal dos judeus. No Antigo Testamento há referência ao ano sabático: um ano, a cada seis, em que a terra fica sem cultivo para depois iniciar um novo ciclo de fertilidade.”
(Herbert Steinberg - www.sabatico.com.br/sabatico_sabatico.htm)



Engraçado que ainda há pouco, como nos últimos três meses, estava procurando motivos que justificassem a falta de ânimo para escrever novas postagens, e quais seriam as razões para continuar com o nós2emquebec. Durante o tempo de dúvida, entrei várias vezes na net com o intuito de deletar o blog, mas também não sentia coragem para tanto, afinal, ele é o registro “físico” de uma grande mudança na nossa vida, minha e do Renato. E acreditando no poder da palavra como eu acredito, um agente de transformação, portador das boas e más notícias – além de tantos outros significados, me senti impedido de cometer esse ato, pelo menos por enquanto. Mesmo se eu não escrevo como um Machado, um Pessoa ou um Rodrigues, meu preferido, mesmo assim, risos...



Decidi, então, que nesse período de silêncio, iria degustar e desfrutar outras coisas simples, como as flores da primavera; o calor insuportável do verão, a gradual mudança de temperatura que o outono traz, assim como suas cores amarelas, vermelhas e cinzas; o dia-a-dia montrealense de acordar cedo, ir para o curso de francês, voltar pra casa rapidinho, almoçar, lavar roupa, deixar tudo bagunçado para passear no Mont-Royal ou ir aproveitar a promoção no supermercado, e ainda correr para não chegar atrasado ao trabalho. Tudo isso mais as conversas intermináveis com os novos amigos, regadas a garrafas de cerveja ou vinho, que nos ajudou a sentir essa nova realidade cada dia mais confortável. Mesmo porque, a santa internet computou horas e horas de transporte instantâneo para o Brasil toda vez que a saudade pensou em chegar, nos deixando “ao lado” da família e amigos de sempre.

Depois de experimentar tudo isso, em meio aos diversos sentimentos que fazem parte de todos nós, como saudades, tristezas, alegrias, surpresas, indignações, resignação, coragem, medo, audácia, vitória, paz, desassossego, inspiração – a falta dela também, cheguei a conclusão de que vale a pena continuar escrevendo aqui nesse blog. Afinal, este é o nosso “diário” virtual, onde podemos “dizer” tudo aquilo que gostaríamos que as pessoas soubessem e compartilhassem conosco, bem como, tudo aquilo que não queremos esquecer e vamos nos divertir muito em reler quando estivermos em outro momento, vivenciando outra experiência.

Por tudo isso sejam bem-vindos a um novo ciclo de fertilidade, com novas notícias sobre o cotidiano de um casal, uma dupla de dois, com novos registros de impressões, pensamentos, farras, e emoções que só são válidas porque temos amigos com quem dividir esse grande tesouro que é a vida.

A propósito, as fotos que entremeiam esse texto são desses últimos SEIS MESES vividos em Montréal, aqui no Québec, Canadá. Uma cidade multicultural, acolhedora, cheia de problemas, mas repleta de coisas boas também. Uma cidade, um país como dizem por aqui, que nos dá a certeza, depois de um semestre – e o Renato me permite aqui de dizer isso em seu nome também, que fizemos uma feliz escolha.

Bienvenus vous tous!