Eu voltei,
agora pra ficar,
porque aqui,
aqui é o meu lugar
Eu voltei pras coisas que eu deixei,
eu voltei ...(O Portão - Erasmo Carlos)
Ai ai... Ainda bem que os grandes artistas já escreveram e cantaram, de maneira mais simples, tudo aquilo que levaríamos horas pensando como dizer. Afinal, já são quase três meses sem postagens e se vocês questionarem o motivo para o desaparecimento é capaz de não encontrarmos uma boa resposta... mas, se o Paulo Coelho se dá o direito a um ano sabático vez em quando, porque nós mesmos, Gilberto Evangelista e Renato Ferreira, não poderíamos nos dar esse direito também? ...risos...
A propósito, sou eu, Gilberto, quem escreve esse post, assim como quase todos os outros anteriores, pois o Renato tem o saco bem menor do que o meu para isso. Decidi, então, jogar no Google o termo “ano sabático” e apareceu logo de cara uma definição bem bacana que quero compartilhar com vocês, mesmo porque, sinto que esse tempo todo sem escrever combina bem com a idéia abaixo:
“... considero o sabático uma boa ferramenta para identificar nossas forças e potencialidades, avaliar em que condições respondemos melhor, em que circunstâncias reagimos mal. Entrar em período sabático envolve olhar para nossas competências, mapear o know-how já dominado, descobrir caminhos, medir nossos recursos mais profundos.
Sabático é o afastamento do trabalho inspirado por uma motivação íntima. Seu objetivo é a reavaliação da vida pessoal ou profissional. Não importa a duração, se é de meses ou anos, ou o formato. Pode ser uma viagem turística, um curso no exterior, trabalho voluntário, reclusão em casa. O que caracteriza um período sabático é o afastamento da rotina para rever rumos.
O termo vem do hebraico shabbath, e significa repouso. É o dia de recolhimento semanal dos judeus. No Antigo Testamento há referência ao ano sabático: um ano, a cada seis, em que a terra fica sem cultivo para depois iniciar um novo ciclo de fertilidade.”
(Herbert Steinberg - www.sabatico.com.br/sabatico_sabatico.htm)
Engraçado que ainda há pouco, como nos últimos três meses, estava procurando motivos que justificassem a falta de ânimo para escrever novas postagens, e quais seriam as razões para continuar com o nós2emquebec. Durante o tempo de dúvida, entrei várias vezes na net com o intuito de deletar o blog, mas também não sentia coragem para tanto, afinal, ele é o registro “físico” de uma grande mudança na nossa vida, minha e do Renato. E acreditando no poder da palavra como eu acredito, um agente de transformação, portador das boas e más notícias – além de tantos outros significados, me senti impedido de cometer esse ato, pelo menos por enquanto. Mesmo se eu não escrevo como um Machado, um Pessoa ou um Rodrigues, meu preferido, mesmo assim, risos...
Decidi, então, que nesse período de silêncio, iria degustar e desfrutar outras coisas simples, como as flores da primavera; o calor insuportável do verão, a gradual mudança de temperatura que o outono traz, assim como suas cores amarelas, vermelhas e cinzas; o dia-a-dia montrealense de acordar cedo, ir para o curso de francês, voltar pra casa rapidinho, almoçar, lavar roupa, deixar tudo bagunçado para passear no Mont-Royal ou ir aproveitar a promoção no supermercado, e ainda correr para não chegar atrasado ao trabalho. Tudo isso mais as conversas intermináveis com os novos amigos, regadas a garrafas de cerveja ou vinho, que nos ajudou a sentir essa nova realidade cada dia mais confortável. Mesmo porque, a santa internet computou horas e horas de transporte instantâneo para o Brasil toda vez que a saudade pensou em chegar, nos deixando “ao lado” da família e amigos de sempre.
Depois de experimentar tudo isso, em meio aos diversos sentimentos que fazem parte de todos nós, como saudades, tristezas, alegrias, surpresas, indignações, resignação, coragem, medo, audácia, vitória, paz, desassossego, inspiração – a falta dela também, cheguei a conclusão de que vale a pena continuar escrevendo aqui nesse blog. Afinal, este é o nosso “diário” virtual, onde podemos “dizer” tudo aquilo que gostaríamos que as pessoas soubessem e compartilhassem conosco, bem como, tudo aquilo que não queremos esquecer e vamos nos divertir muito em reler quando estivermos em outro momento, vivenciando outra experiência.
Por tudo isso sejam bem-vindos a um novo ciclo de fertilidade, com novas notícias sobre o cotidiano de um casal, uma dupla de dois, com novos registros de impressões, pensamentos, farras, e emoções que só são válidas porque temos amigos com quem dividir esse grande tesouro que é a vida.
A propósito, as fotos que entremeiam esse texto são desses últimos SEIS MESES vividos em Montréal, aqui no Québec, Canadá. Uma cidade multicultural, acolhedora, cheia de problemas, mas repleta de coisas boas também. Uma cidade, um país como dizem por aqui, que nos dá a certeza, depois de um semestre – e o Renato me permite aqui de dizer isso em seu nome também, que fizemos uma feliz escolha.
Bienvenus vous tous!